02.08.2006
Artur Machado Reis Pinto
Jornal de Notícias, Porto
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Fotografia: Francisco Mourão
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A Empresa do Metro do Porto prepara-se para eliminar mais uma barreira à mobilidade dos seus clientes. Dentro de um ano, e através de um simples telemóvel, será possível aos invisuais e aos cidadãos com problemas de visão ter acesso às mesmas informações de um cidadão normal. Mais ainda, poderão saber, ainda antes de sair de casa, qual o tempo previsto até à chegada da próxima composição. Já no interior da estação, 'ouvirão' todas as indicações afixadas nos painéis de informação.Os projectos, inéditos a nível mundial, foram denominados de Infometro (Portal de voz interactivo do Metro do Porto para utentes com dificuldades visuais) e Navmetro (Sistema complementar de navegação pessoal na rede do Metro do Porto para pessoas com dificuldades visuais).Telemóveis normaisO serviço, que será gratuito, poderá ser acedido através de telemóveis disponíveis no circuito comercial. Para o Infometro, será suficiente um terminal normal e o cliente apenas terá de assinar um documento autorizando a sua localização.A partir do momento em que é efectuada a chamada para o serviço, o utilizador é localizado (como se estivesse a usar um GPS) e é-lhe explicado, por exemplo, o trajecto mais curto para a próxima estação do Metro, quanto tempo falta para a próxima composição, ou qualquer outra informação que seja considerada relevante.O Infometro será um sistema universal, uma vez que poderá ser utilizado por todos os clientes do Metro, ou seja, não está fora de hipótese a sua disponibilização, por exemplo, como instrumento de apoio para os turistas estrangeiros. Para "navegar" no interior das estações é obrigatório ter um telemóvel com tecnologia "bluetooth", que possa 'comunicar' com os painéis informativos.Ao serviço das pessoasEstes inovadores projectos começaram a ser imaginados, não muito longe da sede da Metro, por Diamantino Freitas, do Departamento de Electrotecnia da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto."Já há alguns anos que estudava a melhor forma de colocar a tecnologia ao serviço das pessoas com necessidades especiais e a empresa mostrou-se muito receptiva às minhas propostas", referiu Diamantino Freitas.O principal objectivo do trabalho que será agora desenvolvido durante um ano, pela FEUP e a Metro do Porto, com a colaboração da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), é "transmitir eficazmente a informação". "Ou seja, com fidelidade, em tempo útil e com conforto para o utilizador. Queremos que seja tão fácil como ter uma pessoa ao lado", diz Diamantino Freitas.Para a Metro do Porto, este projecto surge como prolongamento natural da sua política de universalidade."Queremos prestar o mesmo serviço a todos os passageiros. Isso está conseguido, por exemplo, a nível arquitectónico, com todas as estações acessíveis. Ainda antes da entrada em exploração comercial, tivemos a ajuda da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) no 'desenho' das estações", referiu Manuel Paulo Teixeira, responsável pelo gabinete de projectos da Metro do Porto.Diana Santos, técnica de Orientação e Mobilidade da ACAPO, destacou o conforto de utilização do Metro."Tenho uma utente de Valongo que usa o autocarro e tem de contar as curvas para saber em que paragem sair. O metro é mais 'amigável' e este projecto irá permitir maior independência a pessoas com deficiência visual ou baixa visão", referiu Diana Santos.Estado comparticipa na compra de telemóveisUma das vantagens deste projecto é que os telemóveis são considerados como "ajuda técnica" para os cegos e amblíopes e, como tal, a sua compra é subsidiada. Considerado de "interesse público"O Infomtero e o Navmetro foram considerados projectos de "interesse público" e contemplados com o financiamento máximo previsto no programa de Inclusão Digital. Agora, será uma corrida contra o tempo, pois os projectos têm de estar concluídos e funcionais em Outubro do próximo ano.
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