26-07-2006
Carla Festas
Fotografia: Pedro Gomes
Quarta-feira. 15 horas. Um dia escolhido ao acaso para irmos, ao terreno, ver aquela que muitos chamam de “estação mais provisória do metro”. E ela lá está. Na Rua Brito Capelo, uma das estações do metro continua associada a duas pedras enormes, já familiares de quem ali há muito se senta para esperar que o próximo metro passe. Um provisório que mais parece definitivo e que desagrada, quer aos comerciantes, quer a quem por ali passa ou ali tem de estar à espera do metro.
Até porque, ali estar, significa lembrar-se de um outro projecto que temem que não passe daquilo mesmo – a tão ambicionada e falada “pala”.Chegam. E sentam-se. Nas duas pedras enormes que ali continuam colocadas, junto à estação do metro em frente à Caixa Geral de Depósitos. Esperam que o metro passe. E, numa das tardes quentes daquelas que têm estado, aproveitam para ficarem mais à sombra. Isto porque aquela pequena zona continua a albergar um protótipo da tão desejada “pala” que iria transformar – diziam os responsáveis – a rua Brito Capelo num centro comercial ao ar livre.
Na altura, uma situação provisória, que serviria de teste a um projecto que todos afirmam ser “revolucionário”. Um teste que, pelos vistos, está ainda para durar...Muitos dos que por ali passam ou mesmo dos que ali param nem sequer têm consciência de que este “provisório” já se arrasta há algum tempo... muito tempo, defendem alguns... “Eu apanho quase todos os dias aqui o metro e realmente dá para ver que isto não está assim muito pronto. Mas já está assim há tanto tempo...”. Isabel Ribeiro é, no entanto, assumidamente, uma das defensoras da existência da “pala”: “Acho que seria realmente uma forma de chamar mais pessoas aqui para a Rua Brito Capelo, uma rua tão antiga e tão conhecida de Matosinhos e que merecia que olhassem mais para ela”.~
Na altura da colocação do protótipo da estrutura, o principal objectivo era – recorde-se – ter uma primeira fase de avaliação, não só da recepção das pessoas, mas também do aspecto geral da rua caso a empreitada avançasse com um carácter definitivo. E, a julgar pelas respostas, a opinião é, “definitivamente”, favorável. “Um dos problemas do comércio, por exemplo, desta rua, é a concorrência dos centros comerciais e isso poderia ser uma ajuda”, lembra Luísa Santos. A forma como a estrutura continua é que já não recebe os mesmos elogios: “O que acho é que deveriam decidir, de uma vez por todas, o que fazer, se sim ou se não. Porque continuar assim é que fica estranho”.À espera de uma decisãoUma vez mais descontentes estão os comerciantes da rua.
Recorde-se que a ideia da cobertura da Rua Brito Capelo já tem alguns anos. Na altura da sua transformação em zona pedonal, já se pensava na construção de uma protecção para quem por ali circulasse a pé, só que a meio da rua. Com a requalificação provocada pelas obras do metro, o projecto viu, finalmente, luz verde para avançar. E o que é certo é que avançou. Mas muito pouco para o desejado. Construída em ferro, a estrutura é constituída por uma pala feita de material extensível e translúcido, uma película que os técnicos explicam semelhante às normalmente utilizadas para a cobertura de pavilhões e piscinas e era para estar ali até que os responsáveis da Metro do Porto e da Câmara Municipal de Matosinhos tomassem uma decisão. A decisão que é, agora, reclamada, quer pelos comerciantes, quer pela população. E que esperam não demore a chegar.O “Matosinhos hoje” contactou, entretanto, a autarquia no sentido de conhecer uma reacção e algumas informações acerca do andamento do projecto. Mas, até à hora do fecho desta edição, não nos foi possível obter qualquer resposta.
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