sexta-feira, dezembro 07, 2007

Metro sem condutor no subsolo do Porto

Jornal de Notícias


Hugo Silva

A Empresa do Metro vai propor ao Governo a construção de uma linha circular subterrânea no Porto, cuja operação será totalmente automática - os veículos não precisarão de condutores e poderão circular ininterruptamente durante o horário de funcionamento do sistema.

A proposta faz parte dos estudos para as linhas da segunda fase da rede e, segundo as expectativas dos responsáveis da Empresa do Metro, poderia duplicar o número de utilizadores do sistema, que regista, actualmente, quase 200 mil validações por dia. Até porque a nova linha permitiria servir zonas de grande concentração de pessoas no Porto, como Fernão Magalhães/Costa Cabral, Rotunda da Boavista, Campo Alegre, Palácio de Cristal e Leões/Clérigos. A ideia já terá sido alvo de conversas entre responsáveis da empresa e membros do Governo, que não terão fechado totalmente as portas ao projecto.

A linha circular automática tem uma extensão de aproximadamente nove quilómetros e percorre o subsolo do Porto, interceptando linhas de metro já existentes em pontos estratégicos, designadamente Pólo Universitário, Casa da Música, S. Bento e Campanhã.


Mais passageiros

O objectivo é "contrabalançar a estrutura essencialmente radial" da rede já construída e em operação. A linha automática será transversal às que já existem, permitindo uma articulação que potenciaria o aumento do número de passageiros. A Metro do Porto recorda que três das principais linhas propostas para a segunda fase da rede - Gondomar, Matosinhos Sul /Boavista e segunda de Gaia (passando por Oliveira do Douro, Arrábida e Campo Alegre) - também se articularão com esta circular subterrânea, "aumentando o seu potencial de atractividade".

Com um investimento estimado em cerca de 180 milhões de euros, os estudos já elaborados admitem que o projecto poderia ser qualificado, pelo Governo, como PIN (Projecto de Potencial Interesse Nacional). A construção de uma linha de características automáticas deverá obrigar a Metro do Porto a adquirir veículos próprios, com a tecnologia adequada para dispensar a presença de condutores.

O projecto inspira-se na linha 14 do metro de Paris (França), que funciona entre as estações de Saint Lazare e da Biblioteca François Miterrand. Com oito estações e oito quilómetros de extensão (percorridos em cerca de 13 minutos pelos veículos), trata-se da segunda linha automática (depois de Orlyval), "mas a primeira totalmente integrada no sistema de metro".

Tudo automático

À semelhança do que acontece com aquela linha automática francesa, também na do Porto se eliminará a presença de condutores nos veículos. Tudo será automático, embora o sistema também seja supervisionado pelo posto central de comando da empresa.

Os veículos poderão circular ininterruptamente, com frequências de passagem bastante elevadas. Uma situação que derivará, também, do facto da linha ser totalmente subterrânea e, portanto, não existirem obstáculos à circulação dos veículos. Caso a linha venha a ser concretizada, será preciso definir um túnel de entrada e de saída das composições.

Reverter "declínio"

Nas estações de intersecção, a plataforma da linha automática deverá ficar sob os cais de embarque actuais, ainda que estes sejam subterrâneos.

Implantando-se a linha no núcleo central da Área Metropolitana e da cidade do Porto, os responsáveis da Metro acreditam que aquela estrutura será importante para reverter os "preocupantes e persistentes sinais de declínio" daquela zona "nas últimas décadas".



Custos das obras no Porto e custos das obras em Lisboa

20 milhões por quilómetro

A linha circular automática proposta pela Metro do Porto, com cerca de nove quilómetros de extensão, implica um investimento na ordem dos 180 milhões de euros. Feitas as contas, esta linha totalmente subterrânea terá um custo de cerca de 20 milhões de euros por quilómetro. A sua construção seria incluída na segunda fase da rede de metro do Porto, cujos estudos continuam a ser desenvolvidos. Garantidas, para já, estão a linha de Gondomar até Rio Tinto, a extensão da Linha Verde até à Trofa (em via dupla ou em via simples, com o canal preparado para a duplicaçáo) e o prolongamento da linha de Gaia.



100 milhões por quilómetro

O metropolitano de Lisboa vai ter em operação, dentro de pouco tempo, mais u m troço. Trata-se da extensão da Linha Azul entre a Baixa-Chiado e a estação de Santa Apolónia, com passagem pelo Terreiro de Paço. Pouco mais de dois quilómetros custaram 299,5 milhões de euros, ou seja, quase 100 milhões por quilómetro. O preço inicial era de 165 milhões, mas problemas que ocorreram na construção do túnel (aliás, a obra vai ser inaugurada com uma década de atraso) motivaram o aumento substancial dos custos. Mesmo com o preço inicial, o custo por quilómetro seria de aproximadamente 82 milhões.

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