sexta-feira, março 10, 2006

Até a compra de semáforos está encravada no Governo

Jornal de Noticias

Hugo Silva



metro Sinalização para Linha do Aeroporto é apenas um de vários projectos em banho-maria Deputados defendem revogação do despacho ministerial que "afecta bastante" a empresa




A inauguração da Linha do Aeroporto está prevista para o próximo mês, mas o Governo ainda não deu autorização à Empresa do Metro para comprar os semáforos destinados à sinalização do traçado. À espera de aval do Estado continuam, também, as obras de inserção urbana em Vila do Conde e a requalificação da envolvente da estação de S. Bento, incluindo a Avenida da Ponte, no Porto.

O despacho governamental de Outubro passado que limitou a Comissão Executiva da Metro à gestão corrente e obriga que os investimentos tenham de passar pela administração central está a "afectar bastante" o funcionamento da empresa, observou, ontem, o presidente da Junta Metropolitana do Porto, Rui Rio. O também presidente da Câmara do Porto e administrador da Metro falava no final de uma reunião com a Comissão Parlamentar de Obras Públicas, Transportes e Comunicações.

Rui Rio confia, contudo, que "os problemas sérios e graves" da Empresa do Metro estejam em vias de resolução, nomeadamente com a reunião marcada para amanhã, com Mário Lino, ministro das Obras Públicas. Rui Rio observa que a solução ideal é revogar o despacho. "Seria um passo positivo, mesmo ao nível da clarificação da gestão do Metro do Porto", reforçou.

"Não vemos razão para que o despacho não seja despachado. Condicionou muito do que foi a dinâmica da empresa e prazos de obras assumidas", concordou Miguel Relvas, presidente da Comissão Parlamentar. "O clima que existe agora é completamente diferente do que havia há dois ou três meses", justificou o deputado do PSD. O que Miguel Relvas não esclareceu foram as razões da mudança de clima, uma vez que os protagonistas - no Governo, na Metro e nas autarquias - são os mesmos. "O importante não é olhar para o passado, mas para o futuro", sustentou o social-democrata.

Miguel Relvas acredita, também, que a reunião com Mário Lino permitirá ultrapassar as "dificuldades e estrangulamentos" que marcaram a Metro "nos últimos meses". O deputado considerou, ainda, que a concretização das linhas de Gondomar e da Boavista devem ser "objectivos imediatos".

"Há problemas quanto à definição do financiamento que também têm de ser resolvidos. E a pergunta que fazemos é o metro de Lisboa terá sido fruto do grupo Amorim, do grupo Sonae ou de alguma empresa privada?", ironizou Rui Rio.

O autarca sublinhou, contudo, que só em 2009 será possível alterar a forma de exploração do metro (termina a concessão da Transdev). O futuro deverá passar pelos project-finance (envolvendo entidades públicas e privadas). "A própria Metro tem know-how para isso, o que significa, na prática, libertar o Governo do vencimento passivo da empresa e escaloná-lo em 30 anos", referiu Rui Rio.


Disseram

Rui Rio

Pres. JMP e CMP

Há um problema de financiamento da Metro do Porto que tem de ser resolvido. O metro de Lisboa terá sido fruto do grupo Amorim, do grupo Sonae ou de alguma empresa privada?"

Miguel Relvas

Deputado do PSD e presidente da Comissão Parlamentar

Tomara que todas as derrapagens de obras públicas em Portugal fossem como as da Metro do Porto. Não são derrapagens, trata-se de um projecto novo"

A propósito

Proposta ao ministro

O presidente da Junta Metropolitana do Porto reiterou a necessidade de construção da ferrovia de alta velocidade entre Porto e Vigo. Rui Rio revelou que vai propor ao ministro das Obras Públicas que o gabinete técnico responsável pelo TGV entre Porto e Lisboa fique sediado na Invicta. Na capital, ficaria o gabinete da ligação Madrid/Lisboa.

Autoridade adiada

O presidente da Comissão Parlamentar, Miguel Relvas, sublinhou a necessidade de nomeação da Autoridade Metropolitana de Transportes, por parte do Governo, "a curto prazo". A matéria será abordada pela Junta Metropolitana, na reunião de amanhã com Mário Lino.

Rentabilizar aeroporto

Rui Rio afirmou que, durante a reunião com a Comissão Parlamentar, a Junta Metropolitana fez questão de sublinhar a necessidade de sensibilizar a TAP para rentabilizar o novo aeroporto internacional do Porto.

Mais investimento

"Na Área Metropolitana de Lisboa foram feitos ao longo das últimas décadas investimentos públicos e só se pede que esse mesmo caminho seja seguido no Porto", disse Miguel Relvas.

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