Correio da Manhã
António Nogueira da Costa, director de MBA da Escola de Negócios da Caixa de Aforros de Vigo, Ourense e Pontevedra e empresário, falou ao 'CM' sobre o impacto do metro do Porto na região.
Correio da Manhã – Qual o impacto do metro do Porto na região?
António Nogueira da Costa – Numa perspectiva terra a terra, analise-se o impacto numa família típica dos arredores do Porto: habita a cerca de 15 quilómetros e inclui uma pessoa que se desloca diariamente de viatura para a cidade. Esta pessoa, ao optar pelo metro, sentirá algumas alterações, de que sobressai mensalmente a redução de gastos de 210 euros e um aumento de 34 euros do passe.
– Quer dizer que o metro proporciona um ganho efectivo a quem o utiliza?
– Sim, e o impacto é superior se se atender a que muitos passageiros do metro portuense criaram novos hábitos de leitura nas suas deslocações, recorrendo a literatura gratuita ou paga (estimo um gasto mensal de 36 euros) incrementando o consumo, mas mantendo um ganho mensal de 140 euros, que poderá canalizar para um PPR (1680 euros por ano).
– Então, o metro justifica-se, essencialmente, por razões económicas?
– A componente económica é a mais fácil medição. Uma outra evidência relaciona-se com o cumprimento do horário, permitindo ao viajante prever melhor a sua disponibilidade para estar a horas no emprego, chegar a casa, ir ao ginásio, etc. Com este ganho pessoal de predisposição, provocado pela serenidade e satisfação da viagem de metro, em detrimento do stress da condução no tráfego, a pessoa alcança ganhos de produtividade, além de melhorar as condições daqueles que ainda privilegiam o veículo. Neste contexto, considero que as famílias incrementam a sua qualidade de vida e contribuem para a competitividade do País.
– Esta abordagem não é muito rebuscada?
– É um desafio para que outras pessoas desenvolvam um modelo que analise várias componentes, como a produtividade, consumo, poupança e qualidade de vida pessoal e social, e este repto é passível de integração numa das acções do plano tecnológico em curso. As mudanças são reais, pelo que incito as pessoas a gozarem da viagem de metro do Porto.
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