Ricardo David Lopes
A greve de ontem da CP parou 26 dos 458 comboios previstos, revelou fonte oficial da empresa. Segundo a mesma fonte, os serviços Alfa/Intercidades e Internacional não foram afectados pela paralisação, tendo havido apenas alguns comboios regionais e inter-regionais que não circularam. O sindicato do sector, contudo, garantiu que, de manhã, a adesão rondou os 70%.
Até às 13 horas, disse o porta-voz da CP citado na Lusa, "estavam programados 458 comboios e foram realizados 432". Algumas das paragens das linhas regionais e inter-regionais, afirmou, não se deveram à greve na CP, mas na Refer (que gere a rede ferroviária), "que não garantiu condições" para os comboios circularem. De manhã, na Linha do Minho, a adesão de trabalhadores da CP causou a paragem de três comboios.
Os números do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários (afecto à CGTP) diferem, contudo, dos da empresa. Segundo o dirigente José Manuel Oliveira, até às 11 horas a adesão tinha rondado os 70%. O responsável denunciou ainda que houve comboios a circular sem revisor e que os trabalhadores em greve nos postos de comando foram substituídos por quadros da Refer.
A CP não divulgou números finais sobre a greve.
O facto de, terça-feira ao fim do dia, os sindicatos afectos à UGT terem decidido suspender a sua participação no protesto, após reuniões com os responsáveis das empresas, terá minorado os efeitos da greve.
Mais confusão pareceu causar o facto de as composições com destino à estação de S. Bento, no Porto, terminarem a circulação na estação de Campanhã, obrigando os passageiros a recorrer aos autocarros e ao metropolitano. Caloiros nestas andanças do metro, muitos foram os que se sentiram perdidos, sem saber como tirar os bilhetes, nem em que estação sair para ir para a baixa da Invicta. Protestos não se fizeram ouvir, mas faltava ainda saber se, ao fim do dia, haveria transportes para o regresso a casa. Natacha Palma
Dia de muita espera mas sem problemas na hora de ponta
"Afinal, está a funcionar tudo normalmente"
"Vim mais cedo, porque ouvi dizer que havia greve. Afinal, está a funcionar tudo normalmente". Desabafo de Maria de Lurdes Rato, 55 anos, moradora em Aveiras de Cima, perante o espanto de não encontrar, na estação ferroviária de Azambuja, as enormes filas de utentes para entrarem em autocarros, habituais em greves na CP ou REFER. A verdade é que, à excepção de atrasos nos Intercidades, não se registaram quaisquer demoras nos suburbanos da Linha de Azambuja durante todo o dia. Os autocarros fretados pela CP que aguardavam ao final da madrugada pelos passageiros rapidamente se foram dispersando perante a ineficácia da paralisação convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, afecto à CGTP-IN. Segundo o dirigente sindical José Manuel Oliveira, na base deste cenário esteve a deslocação de trabalhadores administrativos e das estações para as áreas mais afectadas pela greve. Resultado que era visível em toda linha Norte de Lisboa, onde os balcões permaneceram encerrados. "Não entendo isto, primeiro disseram-me que havia greve e depois sou surpreendida enquanto estou à espera de um autocarro, que nunca apareceu", queixava-se Célia Jesus, que relia o aviso de greve. Nuno Miguel Ropio
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